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segunda-feira, 23 de maio de 2016

Dá pra começar com moto grande?

Escolher a primeira moto não é nada fácil, são muitos os modelos e características a serem pensados, entre elas o tamanho e cilindrada desejada.

Quando tirei a habilitação e decidi comprar minha primeira moto, logo de cara decidi que iria comprar uma 125 cc, para poder "pegar as manhas" antes de partir para uma moto maior, mas será que esse é o único caminho?

Levando em consideração que as autoescolas só ensinam o aluno a passar no exame, o aprendizado é concluído nas ruas, em cima da moto, por isso é muito comum nos primeiros passeios cometermos uma série de erros, pequenos ou grandes, que vão servir de aprendizado para que nos tornemos motociclistas experientes. Para alguns esse caminho é mais tranquilo, já para outros o aprendizado na prática pode ser torturante.

Alguns dos erros mais comuns aos que aprenderam a conduzir uma motocicleta recentemente são:
- Perda de equilíbrio nas curvas;
- Deixar a moto "morrer" ao sair (motos de câmbio manual);
- Acelerar demais ao sair;
- Frear bruscamente com o freio dianteiro;
- Frear apenas com o freio traseiro, por medo de derrapar;
- Se atrapalhar com as marchas (no caso de motos com câmbio manual).

Vejamos alguns pontos:

Embreagem

O primeiro assunto é sobre embreagem, pois este é o item mais complicado de lidar no começo, em motos convencionais, com alavanca de embreagem, é comum deixar a moto morrer ou acelerada demais ao sair, pelo menos até adquirir a sensibilidade correta para controlar o manete de embreagem, deixar a moto morrer, apesar de frustrante, é o mais tranquilo dos erros, já deixar a moto acelerada demais ao sair, pode ocasionar acidentes sérios.

Esse, na minha opinião, é o principal motivo pelo qual eu recomendo começar por uma moto mais fraca, de 125 cc, principalmente se você ainda não se adaptou bem às motos manuais, pois numa 125 cc, com baixa potência, sair mais acelerado não vai dar um tranco tão grande como em uma 600 cc, por exemplo.

Já em scooters, esse problema não existe, pois o câmbio é automático, bastando acelerar para sair, claro que é preciso levar em consideração que scooters mais fortes tem arrancada mais rápida, mas para isso basta acelerar gradualmente, de forma suave, dessa forma não se toma susto.

Apesar de mais "simples", não recomendo começar a pilotar com scooters, pois é bom aprender a dominar a embreagem, caso contrário você ficará "escravo" dos câmbios automáticos até tomar coragem e aprender a conduzir uma moto manual.

Peso

Fora a embreagem, o que mais dificulta a vida de novos motociclistas é questão do peso das motocicletas, principalmente ao fazer curvas, pois quando deitamos demais a moto em baixa velocidade, a tendência dela é cair, e nesse caso só há duas formas de evitar a queda, a primeira, que raramente motociclistas iniciantes fazem, é acelerar a moto para que ela se reerga e estabilize, a segunda, que a maioria dos motociclistas iniciantes fazem, é apoiar o pé no chão e tentar segurar a motocicleta no braço, ao fazer isso com uma moto de 125cc, uma CG ou Burgman 125, por exemplo, é tranquilo, já ao fazer isso com uma Teneré 250 ou Citycom 300, já fica mais complicado.

Para os que desejam começar com uma moto 250 cc ou maior, é preciso levar isso em consideração, o quanto você sabe lidar com o equilíbrio em baixas velocidades.

Freios

Aqui temos duas situações, motociclistas recém habilitados que não usam o freio dianteiro por medo de travar a roda e cair, e motociclistas que usam o freio dianteiro e apertam com muita força ou que aceleram enquanto freiam. Levando em consideração os modelos mais simples até 300 cc, sem freios ABS, temos o seguinte:

A maioria das motos de 125 cc, tem freios mais fracos, geralmente à disco simples de um ou dois pistões na frente e freios à tambor atrás, sendo que os freios à disco normalmente são "borrachudos", ou seja, os dutos de freio não são cobertos por malha de metal (aeroquip), por isso dão menos pressão na pinça e resultam numa freada menos forte.

Quem utiliza somente o freio traseiro, tem freada até 3 vezes menos eficiente do que quem utiliza o dianteiro, ou os dois em conjunto, sem contar que pode acabar derrapando a moto, perdendo a traseira e consequentemente caindo. Já quem utiliza o freio da frente com muita força pode acabar perdendo a frente da moto numa derrapada, e quem acelera enquanto usa o freio da frente pode aumentar significativamente a distância de frenagem.

Levando em consideração motos sem ABS nos freios, é menos impactante cometer esse tipo de erro em motos mais fracas do que em motos maiores, e sim, existem motos grandes sem freios ABS, como por exemplo Yamaha Teneré 660 e Kawasaki Vulcan 650 S, portanto é preciso levar isso também em consideração.

Já em motos com sistema ABS, hoje disponíveis inclusive em modelos de baixa cc, como a Yamaha NMax 160, esses erros podem ser mais toleráveis, já que as rodas não irão travar ao acionar os freios.

Uma boa solução adotada por algumas marcar foi o desenvolvimento dos freios combinados (CBS), que dividem a força da frenagem também na roda da frente ao acionar somente o freio traseiro, evitando assim que as rodas travem com facilidade, esse sistema já está disponível hoje nas Honda Lead, PCX e CG, Dafra Citycom e Cityclass, por exemplo.

Levando em consideração esses pontos, minha sugestão final é:

Nada impede que você comece com uma moto de 250 ou mais cilindradas, não é impossível começar com uma 600, eu mesmo conheci pessoas que fizeram isso, mas é preciso ter em mente que qualquer erro mencionado acima, numa 600 cc vai ter mais impacto do que em uma moto menor e mais leve, portanto, no final das contas, vai depender muito mais do quão bem você está dominando o equilíbrio, embreagem e freios, do que o tamanho ou potência da moto em sí, se você ainda perde o equilíbrio ou se atrapalha ao sair com a moto, sugiro que comece em uma 125, mas se você conseguiu dominar bem a moto da autoescola nas curvas e nas saídas, nada impede de comprar uma moto maior e ir aprendendo dia a dia com ela.

Espero ter ajudado, até a próxima.

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